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Em meio a uma crise de saúde pública histórica provocada pela pandemia da COVID-19, que ceifa vidas e afunda a economia brasileira, em que autoridades sanitárias e a população se esforçam para manter as medidas corretas, como o isolamento social para barrar o avanço descontrolado do novo coronavírus, Bolsonaro além de cometer crime por instigar a propagação da pandemia previsto no código penal (Art.268), provoca mais uma crise política desviando o foco de salvar vidas e a economia.

Ao pedir demissão do Ministério da Justiça, Sérgio Moro admitiu que também cometeu crime. Prevaricou, quando pediu uma pensão especial (ilegal- corrupção passiva – e imoral) para sua família e apontou uma série de condutas ilegais de Bolsonaro, fazendo com que o Procurador-Geral da República reconhecesse a gravidade da denúncia e pedisse ao STF que autorizou a abertura de inquérito contra o Presidente Bolsonaro; ainda, vários partidos políticos e entidades da sociedade civil solicitassem desde a abertura de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) ao Impeachment para apurar os supostos crimes – de responsabilidade (tentativas de interferir nas investigações da PF e falsidade ideológica); de advocacia administrativa (queria ter acesso a detalhes das investigações da PF); obstrução de justiça (impedir a investigação de infração penal); corrupção passiva privilegiada, para ficar nesses de mais de uma dúzia – cometidos pelo Presidente da República.

O que nos mostra essa crise política, mais uma vez, é que a dita “nova política” hipocritamente exaltada pelo atual governo federal e por seus seguidores é conversa mole para manipular uma parcela da população e criar falsos heróis e mitos.

Sérgio Moro tido como “herói” e “paladino da justiça” pelos bolsonaristas a bem pouco tempo, é um velho conhecido pela sua longa trajetória de usurpador do Estado Democrático de Direito. E o “Mito” Bolsonaro foi mais uma vez patético sem responder às acusações de Sérgio Moro e confessou crimes em seu pronunciamento (interferência no caso Marielle ao dizer que mandou a polícia falar com Ronnie Lessa, depois disse que não investigaram os mandantes da facada, sendo que tiveram dois inquéritos); demonstrou a sua intenção, que não é de agora, de implementar um Estado autoritário e fascista no Brasil. Ambos queriam interferir na Policia Federal, um para o lavajatismo e o outro para proteger interesses familiares.

Com Moro fora do governo, abre-se um racha na aliança antipolítica formada pelo bolsonarismo e o lavajatismo (“República de Curitiba” e a Rede Globo). A alternativa do Governo Bolsonaro que já vinha buscando para evitar uma CPI ou Impeachment fica às claras ao assumir de vez o fisiologismo politico com o “toma lá dá cá” com os deputados do centrão, na tentativa de permanecer na presidência da república.

Um Governo que não respeita a Constituição Federal e a democracia; despreza a ciência e a saúde do povo, o seu presidente não está à altura para comandar o Brasil.

 

Mário Ângelo M. Sousa – Professor da UFPI