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Em Sessão Solene, realizada por solicitação da Deputada Elisângela (PCdoB) e aprovada por unanimidade pelos parlamentares da casa, a Assembleia Legislativa do Piauí fez uma histórica homenagem ao Partido Comunista do Brasil que, no dia 22 de março do ano em curso completou 100 anos de fundação, fato que ocorreu em 1922 na cidade de Niterói, Estado do Rio de Janeiro. Estiveram presentes à Sessão Solene o Presidente do PCdoB do Piauí, José Carvalho Rufino, Secretário de Governo do Piauí e membro do Comitê Central do Partido, Osmar Junior, a Vice-Governadora do Piauí, Regina Sousa, que na solenidade representou o Governador Wellington Dias e outras lideranças políticas. Presente também o Presidente da Assembleia, o deputado Themístocles Filho (MDB) e os Deputados Francisco Lima, Presidente do PT, Evaldo Gomes, Presidente do Solidariedade, Teresa Brito, Presidente do PV, Ziza Carvalho (PT), Franzé Silva (PT) e Elisângela Moura do PCdoB. Na mesa de honra, composta por dirigentes do PCdoB, entidades e lideranças Políticas destacamos as presenças de Lurdes Rufino, dirigente estadual do PCdoB, Antônio Araújo – Presidente da Febapi, Rodrigo Maxwell – Presidente da UJS/Pi, Isadora Cortez – representando a OAB/PI, Helbert Maciel da ADJC e dirigente estadual do Partido, Francisco Pellé, diretor do Grupo Harém de Teatro e Secretário de Cultura e Arte do PCdoB, Tatiane Seixas –  Presidente da UBM/Pi, Mário Ângelo, Presidente do PCdoB  em Teresina e Maria Barros – Dirigente do PCdoB, da CTB e da Fetag/Pi.

A Deputada Elisângela Moura, em sua fala, disse ser filiada e militante do PCdoB desde os 16 anos de idade e da honra de, naquela casa legislativa, representar o seu Partido e segmentos sociais importantes como os trabalhadores e trabalhadoras rurais. Destacou também a sua luta em defesa da participação das mulheres na política e o seu trabalho no combate à violência, ao preconceito e à discriminação contra as mulheres. O Presidente do PCdoB no Piauí, Zé Carvalho fez um discurso (leia a integra abaixo), destacando a centenária história do PCdoB, da sua organização em 1922 até os dias de hoje. Ressaltou todas as lutas travadas pelo PCdoB em defesa da democracia, da consolidação da nação brasileira, da defesa dos direitos do povo, do seu pioneirismo na luta pela emancipação das mulheres e da luta pelo desenvolvimento do país com justiça social. Ao falar do PCdoB no Piauí, Zé Carvalho lembrou que aqui o PCdoB surgiu em meio à luta contra a ditadura militar, no combate às oligarquias locais e levantou a bandeira da defesa do desenvolvimento do Estado como forma de superar a pobreza. Ao falar no evento, a Vice-Governadora Regina Sousa elogiou a bonita trajetória dos comunistas no Piauí e no Brasil, destacando a sua coerência e o seu compromisso com a democracia e com as lutas do povo brasileiro, falou também das importantes alianças entre o PCdoB e o PT. O Secretário de Governo do Piauí e representante do Comitê Central do PCdoB na Sessão Solene, registrou a história dos comunistas, seus compromissos com a defesa da democracia e refirmou a importância do Partido na construção da nação brasileira. Osmar também falou do atraso em que vivia o Piauí sob o domínio das oligarquias e como foram fundamentais as alianças políticas amplas que o Partido fez para superar o autoritarismo das forças conservadoras locais e pudéssemos abrir caminho para um ambiente democrático e para a superação dos graves problemas sociais e econômicos que atingiam a absoluta maioria do povo piauiense. Durante o evento a Deputada Elisângela Moura foi homenageada pela militância do PCdoB com um buquê de flores entregue pelas mulheres do Partido. No encerramento da Sessão a dirigente do PCdoB, Isadora Cortez, acompanhado pelo Presidente da UJS, Rodrigo Maxwell, leu o poema do saudoso poeta Thiago Melo, Madrugada Camponesa. A Sessão Solene foi encerrada com a manifestação da militância do PCdoB na solenidade que puxou a palavra de ordem: um, dois, três, quatro, cinco, mil. E viva o Partido Comunista do Brasil!

Discurso de José Carvalho, Presidente Estadual do PCdoB:

PCdoB: 100 ANOS DE AMOR E CORAGEM PELO BRASIL!

Inicio a minha fala homenageando quem nos fez companhia nessa caminhada:

Antônio de Pádua Costa – Piauí. (Guerrilheiro do Araguaia, morto em 14/01 ou 05/03 de 1974)

Anselmo Dias

Dino Pereira

Socorro Lira

Helena Melo

A história do PCdoB é, de certa forma, a história do Brasil Republicano. Resumi-la não é tão simples.

“O Partido Comunista do Brasil é o resultado do crescimento da jovem classe operária brasileira e do amadurecimento de sua consciência política. Desde a crise terminal do sistema escravista, no final do século XIX, o Brasil entrou num processo de relativo desenvolvimento industrial. As relações tipicamente capitalistas começaram a se expandir e se fortaleceram as duas novas classes socais características desse sistema: a burguesia e o proletariado.”(Documento do PCdoB).

Ao chegar ao seu Centenário o PCdoB tem consciência de que esse é um feito do povo brasileiro. É fruto das alianças construídas ao longo de sua história, quer sejam em tempos obscuros de ditaduras, quer sejam em tempos de legalidade. O PCdoB é assim uma obra coletiva e resultado do acumulo de experiência e consciência política do nosso povo.

O ano de 1922 é marcado por fatos históricos importantes dentre eles, a Semana de Arte Moderna, o Levante Tenentista do Forte de Copacabana e o avanço da luta pelo voto feminino. É nesse ambiente de efervescência política e cultural e, também influenciado pela vitoriosa revolução socialista de 1917 na Rússia, que emerge a 25 de março de 1922 o Partido Comunista do Brasil.

Já em 1928 os comunistas elegeram pelo Bloco Operário e Camponês – BOC, seus primeiros parlamentares, Minervino de Oliveira, operário e Octávio Brandão, farmacêutico. Em 1930, Minervino de Oliveira seria o primeiro candidato dos comunistas à Presidência da República. Após a Revolução de 30, liderada por Getúlio Vargas os comunistas enfrentam dura clandestinidade e perseguições que se agravaram, ainda mais, com a ditadura do Estado Novo. Mesmo sob condições adversas os comunistas lideram, com outras forças políticas e entidades como a UNE o movimento contra o nazi-fascismo na Segunda Guerra Mundial, que culminou com a derrota de Hitler e a vitória da liberdade e da democracia.

Com o arejamento do ambiente político, fruto do fim da guerra e da vitória dos aliados, o PCdoB conquista, novamente, a legalidade, participa das eleições de 1945 e elege um senador, Luís Carlos Prestes, e 14 deputados constituintes, dentre eles, Jorge Amado, João Amazonas, Maurício Grabois e Carlos Marighella. Os comunistas tiveram participação destacada na elaboração da Constituição de 1946, garantindo importantes conquistas para os trabalhadores e para o povo brasileiro.  Mas a legalidade duraria pouco. Em 1947 o TSE cancelaria, sem nenhum fundamento legal, o registro partidário da PCdoB e cassaria o mandato dos seus parlamentares. Ainda assim, e sob clandestinidade outra vez, o PCdoB se manteria nas organizações populares. Seria o Partido da reforma agrária, da campanha do Petróleo é Nosso, da defesa dos direitos dos trabalhadores, da emancipação das mulheres. Só nos governos de Vargas, eleito em 1950, os comunistas voltam à ação política à luz do dia, mas em 1964, com a instauração da ditadura pelos militares, os comunistas, outra vez, são as principais vítimas do exílio, tortura e morte praticada pelos generais que comandavam o país. Nesse duro período para o povo brasileiro, o PCdoB construiu movimentos de resistência e mesmo na clandestinidade construiu frentes em defesa da democracia e pela anistia dos presos políticos e dos exiliados. Na Guerrilha do Araguaia, movimento de resistência à ditadura e na chacina da Lapa, teve importantes dirigentes seus brutalmente assassinados.

Em 1979 a anistia politica, conquista importante do povo brasileiro, traz de volta à cena politica nacional líderes populares destacados como Miguel Arraes, Leonel Brizola e João Amazonas. Começava a abertura política. Foi nesse ano que o PCdoB, ainda clandestino, iniciou seu processo de organização no Piauí, sob as bandeiras da luta contra a ditadura militar, do enfrentamento com as oligarquias locais e pelo desenvolvimento do Estrado. A princípio a organização dos comunistas no Piauí se deu pela atuação no movimento estudantil na UFPI. A partir de então os comunistas teriam participação destacada nas entidades estudantis, nas greves e demais lutas em defesa da educação, melhores condições de ensino e democratização da UFPI. Mas também marcaríamos forte presença no movimento sindical, movimento comunitário, movimento estudantil e, de forma pioneira, na organização da luta emancipacionista das mulheres. Das lutas políticas estudantis surgiriam novas lideranças, dentre elas, Osmar Junior, presidente do DCE/UFPI em 1981, integraria as fileiras do PCdoB, e seria   eleito vereador de Teresina nas eleições de 1982 pela legenda do MDB, já que o PCdoB estava na clandestinidade. É nesse ambiente também que surge outra força política importante para o Brasil, o Partido dos Trabalhadores, com que firmaríamos diversas alianças políticas. Em 1984 o PCdoB foi protagonista destacado do movimento das Diretas Já, tanto nacionalmente quanto no Piauí. Derrotado o movimento pelas eleições diretas para Presidente da República, o PCdoB apoiou a candidatura de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral que, derrotando Paulo Maluf, pôs fim à ditadura militar e restaurou a democracia, sempre muito cara aos comunistas. Em 1985, já sob a Nova República, foram convocadas eleições diretas para as prefeituras das capitais e, em Teresina, foi eleito Wall Ferraz, candidato das forças progressistas, que impôs a primeira grande vitória contra as forças oligárquicas do Piauí. Em 1986 o PCdoB se destacaria nas eleições para a Assembleia Constituinte, aqui no Piauí o Professor Manuel Domingos Neto assumiria em 1989 o mandato de deputado federal, o primeiro eleito pelo Partido em nosso Estado, o ano da primeira eleição para a Presidência da República após a ditadura militar. Em 1992 o PCdoB mobilizou o Brasil com a campanha do “Fora Collor” que terminou com a cassação do ex-presidente.

Em 2002 o povo brasileiro elege Luís Inácio Lula da Silva Presidente da República e o povo piauiense elege Wellington Dias Governador do Piauí. Foram anos seguidos de governos democráticos que mudaram o Brasil e o nosso Estado. Avanços no desenvolvimento, na educação e na redução da pobreza e das desigualdades sociais. O PCdoB se orgulha em ter tomado parte nesse momento importante para o Brasil e para o Piauí. Esse caminho de progresso só foi interrompido por uma trama articulada das elites nacionais que depuseram a Presidente Dilma Roussef em um processo de impeachment sem que ela tenha praticado crime de responsabilidade. Nesse período também o PCdoB denunciou a prisão política de Lula e participou ativamente da luta pela sua libertação e correção das injustiças praticadas contra o ex-Presidente Luís Inácio Lula da Silva.

Em sua trajetória no Piauí, o PCdoB obteve vitórias importantes. Elegemos vereadores na capital e no interior e também prefeitos. Dentre as lideranças eleitas pelo PCdoB, ao longo de sua história, destacamos duas para homenagear todos os que portaram mandatos em sob a nossa bandeira:  Anselmo Dias, líder comunitário, importante dirigente do Partido, foi vereador por duas vezes em Teresina. E Osmar Junior, que foi vereador em Teresina, duas vezes Vice-Governador do Piauí, Deputado Federal em duas legislaturas, tendo sido líder da nossa bancada na Câmara Federal, além de sido Secretário da Prefeitura Municipal de Teresina e do Estado do Piauí por mais de uma vez. Osmar foi também Presidente do PCdoB no Piauí e hoje é membro do Comitê Central do Partido e exerce a função de Secretário de Governo do Estado do Piauí.  A ele o nosso reconhecimento pelo compromisso com as nossas ideias e empenho na construção do Partido e na luta pelo desenvolvimento do Piauí.

Hoje temos na Assembleia Legislativa a Deputada Estadual Elisângela Moura, que cumpre um mandato com destacada atuação dentro do parlamento e na sociedade, o que muito orgulha o PCdoB.

O PCdoB completa 100 anos com o vigor e a disposição da juventude e com a experiência dos que contribuíram para que chegássemos até aqui. O PCdoB chega aos 100 anos com a coragem e a disposição necessárias para mudarmos a realidade de hoje, quando os brasileiros vivem o pesadelo das ameaças à democracia, o tormento do desemprego e o agravamento do drama social, consequências da brutal desigualdade que separa os brasileiros entre os que podem e os que não podem comer, ter uma casa, viver com dignidade. Enquanto perdurar a pobreza e a miséria, enquanto a barbárie ameaçar o mundo, o PCdoB se fará necessário.

E como afirma o poeta Thiago Melo, Faz Escuro, Mas Eu Canto!

Viva o Socialismo!

Viva os 100 anos do Partido Comunista do Brasil!